Vacinação de crianças e adolescentes evita formas graves da doença
29/11/2023
Foto: Rodrigo Nunes /MS
Em geral, a covid-19 em crianças e adolescentes é caracterizada pelo desenvolvimento de quadros clínicos mais leves quando comparada aos adultos. No entanto, o Ministério da Saúde destaca que essa população não está isenta de evoluir para um quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) ou evoluir ao óbito. Em números totais, a carga da covid-19 nessa faixa etária é significativa, principalmente, quando comparada a outras doenças infectocontagiosas e imunopreveníveis.
Até a semana epidemiológica (SE) 46 de 2023, foram notificados 3.379 casos de Srag por covid-19 em menores de 1 ano e 1.707 casos na faixa etária de 1 a 4 anos. Destes, 99 casos em menores de 1 um ano e 31 casos na faixa etária de 1 a 4 anos, evoluíram à óbito.
Desde o início do monitoramento dos casos de SIM-P no Brasil, em julho de 2020, até a setembro de 2023, foram confirmados 2.094 casos e 142 óbitos pela doença, perfazendo uma taxa de letalidade de 6,8%. A SIM-P é uma condição clínica potencialmente grave que ocorre em crianças e adolescentes após o contato com o vírus da covid-19.
O Ministério da Saúde continua recomendando as medidas de prevenção e controle da covid-19, que devem ser reforçadas em crianças e adolescentes para protegê-los das formas graves da doença e amenizar a propagação do SARS-CoV-2 na população em geral. Há evidências cientificas de que a vacinação contra covid-19 previne casos de SIM-P em crianças e adolescentes.
Eficácia e segurança: o benefício da vacinação contra a covid-19 em crianças foi avaliado em estudos que demonstraram o seu papel protetor para redução de desfechos graves.
Neste sentido, as agências regulatórias autorizaram o uso da vacina Pfizer-BioNTech para crianças de seis meses a quatro anos de idade com base na revisão de dados de segurança e eficácia de um estudo que avaliou as fases 1, 2 e 3 de desenvolvimento da vacina.
Esse estudo envolveu 1.776 participantes de 6 a 23 meses de idade, dos quais 1.178 participantes receberam pelo menos uma dose da vacina Pfizer e 598 participantes receberam pelo menos uma dose de placebo.
Também foram avaliados 2.750 participantes de 2 a 4 anos de idade, dos quais 1.835 receberam pelo menos uma dose da vacina e 915 participantes receberam pelo menos uma dose de placebo nas fases 2/3. Na análise dessas fases, até a data de 29 de abril de 2022, 570 participantes de 6 a 23 meses de idade receberam três doses (386 de vacina Pfizer e 184 de placebo) e 886 participantes de 2 a 4 anos de idade receberam uma série primária de 3 doses (606 de vacina e 280 de placebo).
A duração média do acompanhamento após a terceira dose foi de 2,1 meses para cada faixa etária. As análises do estudo confirmaram que, para ambas as faixas etárias, 6 a 23 meses de idade e 2 a 4 anos de idade, os critérios foram atendidos tanto para o desenvolvimento de anticorpos como para taxas de soro-resposta após a vacinação. Além disso, foi demonstrado que a eficácia da vacina Pfizer (três doses) para esta população foi de 80,3% na prevenção de infecção pela variante Ômicron, que continua sendo a variante dominante nos Estados Unidos e outros países.
Ômicron: o estudo Protect avaliou a eficácia das vacinas Covid-19 em crianças e demonstrou que: duas doses da vacina Pfizer-BioNTech recebidas foram moderadamente eficazes (31%) na prevenção da infecção sintomática e assintomática por Ômicron entre crianças de 5 a 11 anos e 59% eficazes entre adolescentes de 12 a 15 anos. Os participantes que foram infectados pela variante Ômicron, apesar de terem recebido duas doses de vacina, registraram menos tempo de absenteísmo escolar do que os participantes não vacinados quando infectados por Ômicron. Esse estudo fornece evidências de que duas doses da vacina Pfizer-BioNTech são eficazes na prevenção de morbimortalidade e infecção sintomática por SARS-CoV-2 com a variante Ômicron em crianças e adolescentes de 5 a 15 anos.
Vacinação pediátrica: a vacinação pediátrica contra a covid-19 teve início após a autorização sanitária e disponibilidade de vacinas, conforme as seguintes recomendações por faixa etária:
11/06/2021: adolescentes de 12 a 17 anos (Pfizer);
16/12/2021: crianças de 5 a 11 anos (Pfizer);
20/01/2022: crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos (CoronaVac);
13/07/2022: crianças entre 3 e 5 anos (CoronaVac);
12/09/2022: crianças de 6 meses a < 5 anos (Pfizer);
22/11/2022: reforço com a vacina bivalente (Pfizer) a partir de 12 anos (no caso de crianças com comorbidades/imunossupressão).
Durante a vacinação contra a covid-19, mundialmente, foram identificados sinais de segurança relacionados a alguns eventos adversos de interesse especial (EAIE), como a miocardite/pericardite em pessoas jovens, associada à plataforma de RNA mensageiro (RNAm).
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monitoram a ocorrência de eventos supostamente atribuíveis à imunização notificados e a investigação dos casos notificados quanto a sua possível relação causal com as vacinas Covid-19 administradas. Em relação a casos de miocardite/pericardite ocorridos após a administração da vacina de RNAm, até dezembro de 2022, foi observada uma incidência de 0,07 casos notificados em cada 100 mil doses aplicadas, entre os quais não houve nenhum óbito de criança com associação causal com a referida vacina.
Além disso, quem não toma a vacina e contrai covid-19 tem muito mais chances de desenvolver miocardite comparativamente a alguém que já recebeu a imunização. Diante deste cenário, e considerando o elevado risco de morbimortalidade pediátrica por covid-19, conclui-se que o benefício das vacinas Covid-19 supera, e muito, o risco da não vacinação. O Ministério da Saúde, portanto, mantém a recomendação da vacinação de rotina das crianças contra a covid-19 no Brasil.
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