Sem direito de escolher cliente, garotas eram rifadas por R$ 50.A maioria das meninas veio da região Norte e Nordeste do Brasil; tinha gente da Bahia, MT, Rondônia e Amapá
Por Bruna Marques | 12/02/2024
Sem direito de escolher com quem fariam programa, garotas eram rifadas a R$ 50 na casa de prostituição que foi fechada pela Polícia Civil, no fim de semana, em Água Clara, distante 193 quilômetros de Campo Grande.
De acordo com o delegado titular da DP (Delegacia de Polícia) de Água Clara, Felipe Rossato, as garotas eram de fora. A maioria delas veio da região Norte e Nordeste do Brasil. Tinha menina da Bahia, Mato Grosso, Rondônia e Amapá.
“Elas não ficavam muito tempo, era rotativo, ficam no máximo uma semana, vão embora e vem uma nova leva”, explicou Felipe.
O Bar da Mel, como é chamada a casa de prostituição, comemorava um ano de atendimento no sábado (10), dia em que o local foi fechado. No estabelecimento, a proprietária rifava as garotas.
Questionado sobre como funcionava a dinâmica do evento, o delegado explicou que a situação está sendo apurada, uma vez que as meninas que estavam no dia ainda não tinham participado da atividade. “Como a rotatividade era muito grande, ninguém sabia explicar muito bem como tinha sido o bingo anterior, de certa forma só sobrava a proprietária e a gerente”, disse.
Anúncio divulgado nas redes sociais (Foto: Reprodução)
Nas redes sociais do bar, circulou um anúncio, nele estava detalhado o valor do bingo e quais prêmios o “sortudo” levaria.
"Festa de 1 ano do Bar da Mel
1º Programação da noite: strip a cada meia hora;
2º Programação da noite: rifa no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais), valendo a noite inteira com uma mulher;
3º Sexo rodando no telão a noite inteira;
4º Sexo entre duas mulheres ao vivo"
O delegado contou que no momento que a equipe chegou, o local estava movimentado, o evento ainda não havia começado, mas os clientes já estavam consumindo. A casa de prostituição dispunha de 10 quartos, que ficavam no fundo do bar. Esses dormitórios eram pagos pelos fregueses.
“Elas ficavam em um quarto, faziam o programa, cada vez que o cliente pagava pelo programa, ele paga também o valor do quarto”, informou Felipe.
Estabelecimento anunciou exploração de jogos de azar na festa de 1 ano de inauguração (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Centro do vale da celulose – Segundo o delegado, o município de Água Clara é o “centro do vale da celulose”. A cidade está localizada bem próximo de Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Inocência, regiões onde estão sendo instaladas grandes empresas de papel e celulose. Sendo assim, o fluxo de pessoas que circulam por lá passa de 8 mil, fora as que já moram nas extremidades.
“Os clientes são pessoas que trabalham nessas empresas maiores de celulose. O rotativo de quem presta serviço aqui é muito grande. Elas comentaram que vieram porque tem muito dinheiro rolando aqui por conta da construção das empresas”, disse.
Questionadas sobre não poderem escolher os clientes, as meninas disseram que “elas negaram e disseram que se não quisessem, não eram obrigadas”, expôs o delegado.
A proprietária do local será investigada pelo crime de manter casa de prostituição com exploração sexual. Ela foi encaminhada até a delegacia, assinou um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) e admitiu as contravenções penais de exploração de jogo de azar e exercício irregular da profissão. O local não tinha alvará de funcionamento e foi fechado.
A prostituição em si não é crime. É ilegal, no entanto, a forma que o bar tentou vender o serviço, conforme explica a polícia. "No caso em questão, a profissional do sexo era escolhida para ser 'sorteada' e quem ganhasse a 'levava' como prêmio, retirando seu direito de escolha tanto em relação a quem vai ser seu cliente, quanto em relação ao preço cobrado", detalha.
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