ILNão usar o cinto no banco de trás aumenta em 5 vezes o risco de morte do ocupante do banco da frente
- 19/12/2023
Há uma falsa impressão de que o banco de trás é relativamente seguro e que o uso de cinto de segurança não é necessário. Foto: Syda_Productions para Depositphotos
Esse é um alerta de uma diretriz publicada pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET). Ela diz também que o uso do cinto de segurança reduz em até 60% o risco de morte e ferimentos graves para passageiros nos bancos da frente. E em até 44% para aqueles sentados nos bancos traseiros de um veículo envolvido em sinistro de trânsito. Essas são algumas das novas evidências científicas que a ABRAMET apresentou em diretriz de conduta médica sobre o uso do cinto de segurança. Destinado ao médico do tráfego e a todos os profissionais de saúde, o documento traz um panorama aprofundado atualizando dados sobre o tema. Dessa forma, para subsidiar as melhores decisões e estimular o uso do cinto pela população.
De acordo com a publicação, o cinto de segurança é um mecanismo de retenção dos ocupantes de um veículo em seus assentos.
Ele foi desenvolvido para impedir que braços, pernas e cabeça se choquem contra as estruturas rígidas do veículo ou com outras pessoas. Além disso, que os órgãos internos sejam submetidos às forças geradas por ocasião de um sinistro, com grande dissipação de energia. Ou ainda que haja o lançamento de pessoas para fora do veículo, o que acarretaria agravamento das lesões e risco de morte.
“O uso do cinto de segurança é uma opção simples, fácil e essencial para proteger a vida no trânsito”, afirma Flávio Emir Adura, diretor científico da entidade.
A diretriz destaca que, quando usado da forma adequada, o cinto reduz a incidência de ferimentos nos quadris. Além disso, na coluna vertebral, na cabeça, no tórax, abdome e reduz o risco de perfuração do globo ocular. Um dos estudos apresentado concluiu que o cinto de segurança é capaz de reduzir as lesões oculares perfurantes em 60%. “Estudos de meta-análise concluíram que os cintos de segurança reduzem o risco de morte e ferimentos graves em 60% para ocupantes do banco da frente. E em 44% para os ocupantes do banco traseiro”, aponta a diretriz. “Cerca de 50% da eficácia dos cintos de segurança se deve à prevenção da ejeção de ocupantes de veículos automotores”, acrescenta o documento.
Importância do uso do cinto no banco de trás
Segundo a publicação, há uma falsa impressão de que o banco traseiro é relativamente seguro. Além disso, que o uso de cinto de segurança não é necessário, ou que o cinto subabdominal, comumente encontrado nos bancos traseiros dos veículos da frota nacional, não oferece segurança adequada, não justificando seu uso. No entanto, a Abramet afirma que aos corpos dos ocupantes do banco traseiro sem cinto de segurança aplicam-se as mesmas forças que sofrem os corpos de ocupantes do banco dianteiro sem cinto. Em uma colisão frontal, o ocupante do banco traseiro continuará, a exemplo do que ocorre com os ocupantes dos bancos dianteiros, em movimento à mesma velocidade que o veículo vinha desenvolvendo antes da colisão.
Estudo com dados do Instituto de Trânsito, Pesquisa de Acidentes e Análise de Dados do Japão, concluiu que, se os ocupantes do banco traseiro estivessem de cinto de segurança, quase 80% das mortes de ocupantes dos bancos dianteiros, que estavam usando cinto de segurança, poderiam ter sido evitadas.
“Tal fato se deve à possibilidade de o ocupante do assento traseiro ser arremessado violentamente contra os ocupantes dos bancos dianteiros, transformando-se em real ameaça à integridade, em virtude do grande ganho de massa de um corpo que se desloca em alta velocidade”, explica o documento.
A diretriz da Abramet também aborda a legislação vigente. Ela apresenta esclarecimento sobre o uso correto do cinto por públicos com características especiais. Como, por exemplo, gestantes, pessoas obesas, crianças e idosos, conceituação de grande relevância para o atendimento prestado pelo médico do tráfego no dia a dia. “É importante tanto para o médico do tráfego quanto para os profissionais envolvidos com o atendimento de saúde conhecer tecnicamente o cinto de segurança bem como dominar o seu funcionamento. Além disso, ter clareza sobre os diversos tipos de sinistro em que o uso do equipamento é determinante para preservar a vida”, conclui Flávio Adura.
Comments