Falavam que iam matar a gente”, diz vítima agredida e estuprada por lutadores

Por Viviane Oliveira e Antonio Bispo | 25/08/2023

Em Campo Grande, um das vítimas recebeu a reportagem em casa e contou como foi a ação dos suspeitos

Vítima de lutadores conta como foi a ação deles (Foto: Henrique Kawaminami)

Em Campo Grande, uma das garotas de programa, vítima dos lutadores de jiu-jitsu presos nesta quinta-feira (24), suspeitos de cometerem diversos estupros e roubos, disse que um deles, Erberth Santos, foi muito agressivo. “Me puxou do sofá, me bateu, começou a quebrar tudo, gritou com a gente, falando que era bandido, que não era para reagir, senão iam matar a gente”, disse a jovem.

Segundo a mulher, que estava na companhia de uma amiga, os dois chegaram de Fiat Uno, aparentemente "de boa", mas depois enlouqueceram, bateram a porta e quebraram várias coisas. Roubaram cerca de R$ 1,2 mil em dinheiro das vítimas.

“Bateram na nossa cabeça. Falando pra gente não reagir. Até então achei que não iam abusar da gente. Mas rasgaram minhas roupas para fazer corda e amarrar o meu braço e o da minha amiga. Toda hora falavam que iam matar a gente, se caso reagíssemos”, contou a mulher.

A vítima foi obrigada a manter relação sexual com um deles sem preservativo. Após a sessão de violência, os dois jogaram as mulheres dentro do quarto, apagaram as luzes e foram embora levando dinheiro e celulares. "Cataram tudo, até tapete", afirmou.

A Polícia Militar foi acionada e a ocorrência foi registrada na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Conforme a jovem, ficou aliviada depois que os dois foram presos em São Paulo. “Eu não sou da cidade, moro sozinha aqui e desde então não conseguia dormir”, contou.

André (à esquerda) e Erberth (à direita) presos pela Polícia Militar por suspeita de estupro e roubo (Foto: reprodução/24 horas News)

Caso - Quatro mulheres procuraram a delegacia e relataram que foram estupradas e roubadas nos dias 22 e 23 de agosto. Os crimes aconteciam de forma violenta, os autores portavam armas de fogo e facas. Em Mato Grosso do Sul, a dupla passou por Aquidauana, Miranda, Corumbá, Campo Grande e Três Lagoas, onde cometeu os crimes.

Outra vítima dos lutadores foi em Três Lagoas, quando os dois foram flagrados por câmera de segurança. Eles marcaram encontro em um site de acompanhantes. Uma garota de programa, de 24 anos, foi estuprada e roubada na casa onde mora com mais cinco amigas, na noite de quarta-feira (23).

Investigação - Após terem ciência do caso, policiais passaram a investigar e descobriram que os suspeitos têm renome internacional. No currículo, Erbeth Santos, tem tricampeonato mundial, campeonato pan-americano, europeu e brasileiro no jiu-jitsu. Em conjunto com equipes da Polícia Militar de São Paulo, os autores foram localizados na cidade de Boituva (SP). Com eles, foram encontrados 26 aparelhos celulares, fruto de roubos.

Em depoimento à Polícia Civil de Boituva, os suspeitos disseram que fizeram uso de drogas antes de cometerem os crimes - Erberth de maconha e André de cocaína. Eles jogam a culpa nas vítimas, afirmando que tiveram o uísque "batizado". Então, perderam o controle e não tinham noção do que estavam fazendo.

Renome internacional - A dupla veio a Mato Grosso do Sul para uma palestra sobre mudança de vida no esporte, que aconteceria em um evento na cidade de Aquidauana, mas não apareceu no local. Segundo o presidente da Federação Sul-Mato-Grossense de Jiu-jitsu, Fábio Rocha, Erberth e André estavam em MS contratados por academias particulares e não têm ligação com a federação do Estado.

Inclusive, Erberth estava proibido de lutar pela Confederação Brasileira de Jiu-jitsu Desportivo e André não é filiado. André Pessoa é natural do Amazonas e chegou a ser expulso de um Centro de Treinamento por roubar um tênis. Erberth é de Roraima e tem diversas passagens criminais.