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Foto do escritorOdir Pedroso

AVC é a principal causa de morte entre doadores de órgãos de Mato Grosso do Sul


É a mesma doença que matou o doador de coração do apresentador Faustão


Por Cassia Modena | 04/09/2023

Se todos os critérios forem atendidos, dados do doador são lançados em sistema nacional (Foto: Marcos Maluf)

O AVC é a causa da morte da maioria dos doadores de órgãos de Mato Grosso do Sul, segundo estatísticas da Central Estadual de Transplantes. Ele acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando paralisia na área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É a mesma causa que matou o doador de coração do ex-apresentador Faustão.


As mortes por trauma, decorrentes de acidentes de trânsito ou quedas, por exemplo, são outro destaque dentro das principais causas de óbito dos doadores. O TCE (Trauma Cranioencefálico), mesmo sendo um dos mais comuns dentro disso, não foi a causa da morte de nenhum doador no Estado.




Quando a doação é possível? - Via de regra, a doação de órgãos só pode ser feita quando a morte encefálica da pessoa é atestada, explica a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Claire Miozzo. Ela acontece quando o cérebro não tem mais atividade elétrica.



Necessariamente, a morte encefálica precisa ser comprovada com bateria de exames clínicos, entre eles o teste de apneia, por exemplo. Como explica a coordenadora, nem todas as instituições de saúde possuem um setor e um núcleo profissional que faça esse diagnóstico no Estado. Apenas os hospitais maiores.


Um segundo critério é os órgãos estarem saudáveis e, portanto, aptos à doação. Um terceiro é a família autorizar a captação. Caso o doador não tenha parentes e sua identidade for desconhecida, a possibilidade é descartada. "O sistema de doação é muito bem 'amarrado'. Haver autorização da família é determinante nesse processo. Depois disso, a captação só ocorre mediante ordem judicial. A legislação é bem clara", afirma Claire.

Claire Miozzo coordena a Central Estadual de Transplantes há 30 anos (Foto: Marcos Maluf)

E não para por aí. Quando os órgãos são captados e os dados do doador são lançados no SNT (Sistema Nacional de Transplantes) do SUS (Sistema Único de Saúde), quesitos como tipagem sanguínea, peso corporal, idade e estilo de vida precisam ser avaliados para que se defina compatibilidades com prováveis receptores.



No caso de Faustão, isso tudo foi avaliado. Os dados do ex-apresentador foram os primeiros da fila pública e nacional de transplantes a "bater" com os dados de seu doador.


Dor e tabu - A morte ainda é assunto que provoca arrepios em muita gente. Ele sequer é conversado em muitas famílias ainda, permanecendo tabu.


O momento em que se recebe a notícia da morte de alguém querido é doloroso. Logo em seguida, profissionais independentes da equipe que cuidou da pessoa antes do óbito poderão dar acolhimento aos familiares e sugerir a doação de órgãos e tecidos. Não é possível esperar muito, pois não há muito tempo para a captação.



Transplante de córnea, que é tecido, e também pode ser captada do doador (Foto: Bruno Rezende/Governo de MS/Arquivo)

Para além do medo da morte e de outras questões que cercam o imaginário social, a boa ação é sempre enfatizada. "Se em vida, a pessoa já era bacana, alguém maravilhoso que fazia o bem e era querido por todos, porque não perpetuar isso com a doação de órgãos? Essa pessoa jamais será esquecida também por outras famílias de receptores", propõe a coordenadora da Central Estadual de Transplantes.



Recorde - De janeiro a junho de 2023, o Brasil registrou mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos, que possibilitam a realização de mais de 4,3 mil transplantes. É um número recorde de doações se comparados às feitas no mesmo período dos últimos dez anos, segundo análise do Ministério da Saúde.


Segundo dados do SNT, esse quantitativo representa aumento de 16% no número absoluto de transplantes de órgãos, quando comparado com o mesmo período de 2022.



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