Federação alerta para número elevado de diabéticos entre vítimas de Covid-19
Michel Jesus/Câmara dos Deputados Luiz Antonio Teixeira Jr (C) sugeriu investimentos em ações de prevenção à diabetes
No Brasil, morrem a cada ano cerca de 200 mil pessoas vítimas de complicações relacionadas ao diabetes e, agora, na pandemia, esses pacientes podem representar entre 40% e 45% dos óbitos por Covid-19.
O alerta é do presidente da Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes, Fadlo Fraige Filho, que apresentou os dados durante reunião da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de enfrentamento à Covid-19.
Ele explica que o número elevado de pacientes diabéticos vítimas da Covid-19 se deve ao fato de que a glicemia descontrolada prejudica a imunidade, favorecendo infecções. "Cerca de 40% a 45% dos óbitos são de portadoras de diabetes.
O descontrole no Brasil atinge 72 % do diabetes tipo 2 e 91% do diabetes tipo 1, esses pacientes diabéticos são em sua grande maioria da rede pública, e sabemos que o vírus ataca exatamente aqueles que tem descompensação glicêmica".
A representante da Associação de Diabetes Juvenil, Vanessa Pirolo, destacou a dificuldade no acesso à insulina, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), mas por conta de um protocolo que exige a avaliação de um endocrinologista, não está acessível para a maior parte da população.
O representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Elton Chaves, admitiu que existem problemas logísticos nos municípios e sugeriu a alteração do protocolo para liberação de insulina.
"Nós temos uma quantidade volumosa de insulina, sim, mas temos entraves não só técnico-administrativos, mas também logísticos", lamentou.
A Diretora de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos em Saúde, do Ministério da Saúde, Sandra Barros, destacou que de 2019 para 2020 houve um aumento na distribuição de insulina, mas ela reconhece que a mudança do medicamento da atenção especializada para a atenção básica precisa ser discutida com cautela.
"Nós não temos medicamento vencendo a curto prazo no nosso estoque. Nós temos sim um estoque de 1,6 bilhão de frascos e nós temos validade para 2021.
Alguns estados continuam solicitando a insulina análoga nas suas programações trimestrais, outros não, inclusive colocaram para remanejamento. Nós estamos realizando esse remanejamento para que a gente evite a perda desse medicamento".
Prevenção
O presidente da comissão, deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ), que é médico, lembrou que no caso do diabetes é preciso investir em prevenção.
"O controle efetivo do diabetes, na verdade, é um investimento preventivo de outras ações de saúde que vão demandar muito mais recursos do que o investimento numa medicação de qualidade."
Já a representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Hermelinda Pedrosa, lembrou que, por causa da pandemia, muitos pacientes deixaram de realizar consultas regulares.
Para ela, é preciso pensar como vai se dar a organização para atender os pacientes num sistema sobrecarregado.