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Foto do escritorOdir Pedroso

Pesquisadores recomendam lockdown para Dourados e 11 cidades da região

A pedido da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) produziram dois relatórios técnicos sobre a situação da Covid-19 em Dourados e microrregião de saúde com o objetivo de orientar a tomada de decisões de gestores públicos com base em metodologias e evidências científicas. Foi estabelecido lockdown para Dourados e 11 cidades da região

Os relatórios foram apresentados pelos pesquisadores na quinta-feira (09/07) em videoconferência à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul e reforçou para os defensores públicos a necessidade de medidas e ações coordenadas para conter a doença não apenas em Dourados, mas também nos 11 municípios da Microrregião de Saúde Dourados, de responsabilidade da cidade pólo de Dourados. Participaram da reunião o coordenador do Núcleo de Ações Institucionais Estratégicas (NAE) da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, Pedro Paulo Gasparini, a defensora pública Mariza Fátima Gonçalves e Hiram Nascimento Cabrita de Santana, defensor público coordenador do Núcleo de Atenção à Saúde Pública, às Pessoas com Deficiência e aos Idosos (NASPI).

De acordo com o Relatório técnico de alerta COVID-19: análise geocartográfica e procedimentos a serem adotados com urgência para reduzir o número de mortes evitáveis por COVID-19 na microrregião de saúde de Dourados-MS, a segunda maior cidade do estado alcança os maiores indicadores e taxas chegando ao índice 5,21 de morbimortalidade (Tabela 2) - a soma de Indicadores Compostos de Morbidade, Mortalidade e de Aumento da Taxa de Incidência de Covid-19 indica como procedimento básico o lockdown - fechamento total - para conter a doença em Dourados.

De acordo com o relatório de alerta, "Para o município de Dourados-MS, recomendamos a medida de lockdown - fechamento total - associada a todas as demais medidas de prevenção apontadas nos procedimentos básicos por um período de quatorze (14 dias), podendo ser reavaliada sua eficácia, o cumprimento do mesmo por parte da população, a respectiva fiscalização e o comportamento da curva de contaminação e de número de óbitos, bem como todos os indicadores e taxas aqui apresentados".

O relatório técnico enfatiza: "[...] recomendamos que todos os municípios que compõem a microrregião devem adotar medidas austeras de restrições de mobilidade e de aglomeração somadas a todas as demais medidas de prevenção apontadas nos procedimentos básicos indicados pelas autoridades sanitárias - OMS, OPAS, Ministério da Saúde no Brasil, Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso do Sul - com vistas a reduzir a propagação do vírus e impactar de forma efetiva nos indicadores". Aqui são apresentadas duas das sete tabelas e um entre os oito mapas disponíveis no relatório. A Tabela 1 indica os novos registros de casos por período e apresenta um dos indicadores utilizados para construção do índice de morbimortalidade por Covid-19 (conforme Tabela 2).O Mapa 1 indica que não bastam medidas apenas na cidade de Dourados. É preciso realizar um esforço multiinstitucional entre os gestores das cidades que compõem a microrregião para implementação de políticas de enfrentamento à doença que resultem em ações mais eficientes, efetivas e eficazes. Para todos esses municípios que compõem a microrregião de Dourados e para Maracaju, sugerimos a implementação de barreiras sanitárias em todos os acessos às respectivas cidades para restringir a circulação do novo coronavírus entre os municípios", explicou Archanjo da Mota. Com base no relatório de alerta e no Mapa 1, Campo Grande, Corguinho, Corumbá, Jateí e Maracaju apresentam o nível de alerta 4 (quatro) que requer medidas de procedimentos básicos restritas a deslocamentos essenciais.Comunicação para prevençãoO Relatório técnico de alerta COVID-19: análise geocartográfica e procedimentos a serem adotados com urgência para reduzir o número de mortes evitáveis por COVID-19 na microrregião de saúde de Dourados-MS também recomendou que a gestão municipal implemente políticas de comunicação e educação para oferecer um letramento sobre a doença, sobre as formas de prevenção e a necessidade de respeitar os decretos que tenham como objetivo a restrição de mobilidade, bem como o reforço do isolamento social, medidas de higiene pessoal e uso de máscaras - únicas medidas efetivas comprovadas cientificamente para conter a doença."Estamos vivendo um contexto de desinformação e infodemia e as gestões públicas precisam se comprometer em fazer chegar, no cidadão, a informação de qualidade e contextualizada com objetivo de prevenir a doença e reduzir os impactos da pandemia", explicou Fernanda Vasques Ferreira, doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB), que se dedica aos estudos de comunicação e prevenção em saúde e análise de dados durante a pandemia. "É preciso atuar para que mensagens que evidenciem as boas práticas em saúde pública alcancem a população. A desinformação, os conteúdos enganosos e descontextualizados, as chamadas ‘fórmulas milagrosas’ e ‘medicamentos’ de combate à doença não têm qualquer fundamento científico, estão matando pessoas no mundo todo, não passam de um atentado contra a saúde das pessoas e uma violação ao direito do cidadão à informação. As gestões públicas precisam coordenar ações para que, junto das medidas mais austeras, possam também combater as fake news e comunicar com qualidade", defendeu a professora que também é jornalista.Impasse para salvar vidasO relatório que recomendou fechamento total em




Dourados também considerou as discussões sobre eventuais colapsos na economia. De acordo com Archanjo da Mota, o isolamento social é a solução eficaz mundialmente apresentada para conter a doença. "Só tiveram êxito na contenção da doença as cidades e os países que, ao alcançarem determinados níveis, decretaram lockdown. No curto prazo, compreendemos que a medida de lockdown pode soar como uma medida impactante para alguns. A medida recomendada tende a preservar vidas, o sistema de saúde, bem como refletir positivamente na retomada da economia a médio e longo prazo. Para isso, a medida de lockdown quando tomada, deve ser fiscalizada e respeitada para que também proteja a economia", esclareceu.De acordo com Fernanda Vasques Ferreira, Dourados perdeu o momento mais adequado para a tomada de medidas mais tênues quando a situação ainda era mais controlada e não exigia a tomada de medidas extremas para o controle da doença. "Nosso papel como pesquisadores é alertar. Agora, a gestão terá de tomar medidas mais severas - e dados os indicadores, recomendamos o lockdown - para salvar vidas, evitar o colapso do sistema de saúde e conter a Covid-19. Embora algumas pessoas tenham visão imediatista e não consigam compreender, o fechamento total também poderá resguardar a economia e propiciar uma retomada do setor produtivo com mais segurança evitando o abre e fecha", ponderou a pesquisadora.Fernanda Vasques Ferreira também foi responsável junto com mais três pesquisadores pela análise de dados divulgada no final de junho que indicou que o número de óbitos dobraria em Dourados-MS. Ela também participou do estudo que fez previsões com base em dados para Feira de Santana-BA, segunda maior cidade do estado da Bahia, em que indicou o aumento de 105% no número de casos confirmados em 18 dias até o final de maio após reabertura do comércio. Ao final de maio, os indicadores de Feira de Santana ultrapassaram os previstos e a cidade caminhou para o colapso do sistema de saúde."As gestões e a população precisam compreender que o abre e fecha descoordenado, não respeitado, não fiscalizado não vai surtir efeito. É só olhar o exemplo de Feira de Santana, que é a segunda maior cidade da Bahia, a cronologia do efeito ‘abre e fecha’, o aumento no número de casos e mortes. O mundo nos ensinou muito sobre a doença. Não existe mágica a ser feita. Não adianta torcer o nariz e tentar descredibilizar a ciência e a imprensa como algumas pessoas tentam fazer. São fatos, números, dados oficiais, modelos de previsões que se confirmam. As pessoas precisam ir para as ruas protestar para a preservação das vidas que estão em risco e não para reclamar de medidas que buscam resguardar a saúde da população. É preciso aprender alguma coisa com essa doença. Nunca foi tão urgente melhorarmos como seres humanos", aconselhou Fernanda Vasques Ferreira.PrevisãoO relatório técnico de 24 de junho apresentou o modelo DELPHI, com suas características, defeitos e possibilidades de ajuda em estudos e entendimento de epidemias. O Relatório técnico sobre o avanço da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 na cidade de Dourados - MS: reavaliação do cenário do município e entorno interpreta os casos e óbitos após 14 dias decorridos do primeiro estudo intitulado Relatório técnico sobre o avanço da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 na cidade de Dourados (MS): Análise de dados, comparações de cenários e modelo preditivo aponta que não existe previsão, ainda, para o platô da curva de Dourados, uma vez que a análise mostra que o crescimento do número de casos continua exponencial.O modelo preditivo aplicado aos dados de Dourados revela que o município ainda se encontra numa fase de crescimento da pandemia (conforme Figura 2). "Nesta nova previsão, assim como na do dia 24 de junho, a curva de predição tem indicativo de crescimento. E novamente, a previsão para os últimos seis dias está abaixo dos números reais (barras azuis). Isto é um indicativo de que para os próximos dias o crescimento do número de óbitos reais estará acima desta previsão (conforme Figura 1)", alerta Marco Aurélio Boselli, mestre e doutor em Ciências, pelo Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Segundo o pesquisador, a projeção é de aumento do número de casos e aumento acentuado do número de óbitos para as próximas duas semanas.

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